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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

DEUS SALVE A RAINHA

A ala feminina da monarquia brasileira:

Galeria de imagens das rainhas, imperatrizes, princesas e principais amantes (e suas filhas) dos dois Pedros que reinaram por essas bandas.

Algumas explicações:

- O período monárquico brasileiro tem início em 1822 e termina em 1889, porém, para a elaboração da galeria de imagens, foram incluídas as duas rainhas de Portugal e suas filhas. Além de todas terem vivido aqui entre 1808 e 1821, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido à Portugal e Algarves em 1815. 

- A opção foi por imagens que registrassem as figuras históricas em sua juventude (de acordo com o conceito contemporâneo de juventude). Como poderão observar, isso não foi possível em alguns casos, sobretudo o da Baronesa de Sorocaba (continuamos em busca de outras imagens).

- A tecnologia atual oferece muitos meios para se melhorar imagens. No passado cabia apenas à mão do pintor e seu pincel esta tarefa. Muitas das aqui retratadas talvez não fossem, exatamente, como foram pintadas. Esse é o caso da Imperatriz Tereza Cristina, retratada através da reprodução da obra do pintor brasileiro José Correia de Lima, de 1843. Os retratos posteriores (pinturas e fotografias) da esposa de Pedro II mostram uma mulher bastante diferente daquela. Sobre essa obra é corrente a informação de que seria esse o retrato enviado ao Imperador antes do casamento e que teria gerado surpresa e incômodo quando do encontro do casal (1843). Essa informação, porém, carece de comprovação.

- A única imagem de criança da galeria, morta aos nove anos, é uma exceção. As demais crianças que também não sobreviveram à infância não serão, nem mesmo, citadas.

- A galeria não está completa. Não foi possível, ainda, a obtenção de imagens da maioria das amantes imperiais de que se tem conhecimento. É muito reduzida a probabilidade de se solucionar o problema em relação às amantes de Pedro I, que passou à História como grande "garanhão" (ou "comedor", como diríamos hoje). Seus casos mais famosos, além da Marquesa de Santos e da Baronesa de Sorocaba - as francesas Clémence Saisset e Noémi Thierry, e a uruguaia María del Carmen García (todas engravidadas por ele), com certeza, não foram os únicos. De qualquer forma, nem mesmo dessa lista foi possível obter imagens. Já quanto às amantes conhecidas do filho - mulheres da aristocracia brasileira e européia, a possibilidade de se encontrar as imagens faltantes é bem maior. Mais cedo ou mais tarde, a galeria poderá ser completada. Como possuímos mais informações sobre elas, faremos maiores comentários direto na Galeria. Todos que queiram colaborar, procurando pelas imagens faltantes e nos enviando, serão muito bem vindos!

- Ainda sobre as amantes imperiais é importante afirmar que o termo está sendo utilizado de forma muito genérica e seguindo uma tradição (em relação à Pedro I), utilizada pelos memorialistas, de considerar "amantes" as mulheres que engravidaram do Imperador. Alguns poderão sentir falta da citação de uma das amantes de Pedro I, a freira clarissa Ana Augusta Peregrino Faleiro Toste, também mãe de um filho do imperador. Sua não citação deve-se ao fato de que, quando se envolveram  (1832, nos Açores), Pedro de Alcântara já não governava mais o Brasil.




Maria I
Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - mãe de João VI

 

Maria Francisca Isabel Josefa Antonia Gertrudes Rita Joana de Bragança
                          

Carlota Joaquina e filhas
Rainha consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - esposa de João VI, mãe de Pedro I

Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon










Maria Teresa Francisca de Assis Antonia Carlota Joana Josefa Xavier de Paula Miguela Rafaela Isabel Gonzaga de Bragança e Bourbon








Maria Isabel Francisca de Assis Antónia Carlota Joanna Josefa Xavier de Paula Michaela Raphaela Isabel Gonzaga de Bragança e Bourbon







Maria Francisca de Assis da Maternidade Xavier de Paula e de Alcântara Antonia Joaquina Gonzaga Carlota Mônica Senhorinha Soter e Caia de Bragança e Bourbon










Isabel Maria da Conceição Joana Gualberta Ana Francisca de Assis Xavier de Paula e de Alcântara Antonia Rafaela Micaela Gabriela Joaquina Gon­zaga de Bragança e Bourbon








Maria da Assunção Ana Joana Josefa Luísa Gonzaga Francisca de Assis Xavier de Paula Joaquina Antonia de Santiago de Bragança e Bourbon










Anna de Jesus Maria Luísa Gonzaga Joaquina Micaela Rafaela Francisca Xavier de Paula de Bragança e Bourbon










Leopoldina e filhas
Imperatriz consorte do Brasil - 1ª esposa de Pedro I


Carolina Josefa (Maria) Leopoldina Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena



Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isadora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Habsburgo-Lorena
   

          
Januária Maria Joana Carlota Leopoldina Cândida Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Habsburgo-Lorena



Paula Mariana Joana Carlota Leopoldina Cândida Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Habsburgo-Lorena
         
                      
                                     
Francisca Carolina Joana Leopoldina Romana Xavier de Paula Micaela Rafaela Gabriela Gonzaga de Bragança e Habsburgo-Lorena


Amélia e filha
Imperatriz consorte do Brasil - 2ª esposa de Pedro I

Amélia Augusta Eugenia Napoleona de Beauharnais




Maria Amélia Augusta Eugenia Josefina Luisa Teodolinda Heloisa Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Beauharnais



Domitila e filhas
Marquesa de Santos - amante de Pedro I


Domitila de Castro do Canto e Melo


Isabel Maria de Alcântara Brasileira


Maria Isabel II de Alcântara Brasileira




Maria Benedita
Baronesa de Sorocaba - amante de Pedro I (com quem teve um filho), irmã da Marquesa de Santos


Maria Benedita de Castro do Canto e Melo



Teresa Cristina e filhasImperatriz consorte do Brasil - esposa de Pedro II





Teresa Cristina Maria Josefa Gaspar Baltazar Melquior Januária Rosália Lúcia Francisca de Assis Isabel Francisca de Pádua Donata Bondosa André de Avelino Rita Leodegária Gertrudes Venância Tadéia Espiridião Roca Matilda de Bourbon-Duas Sicílias




Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon


Leopoldina Thereza Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon


Luísa
Condessa de Barral e Marquesa de Montferrat - amante de Pedro II (a condessa, casada com um primo distante da madrasta do Imperador - a Imperatriz Amélia, foi  preceptora das princesas Isabel e Leopoldina)
 
Luísa Margarida de Barros Portugal


Outras amantes de Pedro II





Maria Eugênia Lopes de Paiva, filha do Visconde de Maranguape, Caetano Maria Lopes Gama

                                                                                          


Carolina Bregaro - filha de rico comerciante, depois casada com Rodrigo Delfim Pereira, filho da Baronesa de Sorocaba e de Pedro I(portanto, meio-irmão do Imperador)







Eponine Otaviano - casada com Francisco de Almeida Rosa Otaviano (companheiro de infância do Imperador, jornalista, poeta, político)






Ana Maria Cavalcanti de Albuquerque (Condessa Ana de Villeneuve) - casada com Júlio Constâncio de Villeneuve, proprietário do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.
Para ela, D. Pedro, com quase sessenta anos, escreveu em 07 de maio de 1884:  "Que loucuras cometemos na cama de dois travesseiros"  (...)  "Não consigo mais segurar a pena, ardo de desejo de te cobrir de carícias"





Claire Mélanie Jaubert (Condessa de Benoist d'Azy) - casada com Pierre Paul Ernest Benoist d'Azy, militar francês









Anna Freiin von Verger - casada com Maximilian von Baligan








Fiquem atentos, brevemente  postaremos um artigo sobre a moda no século 19, no qual serão utilizadas muitas dessas imagens.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De vigarinho de Campinas à algoz do padinho de Juazeiro

   Em terras campineiras ele era carinhosamente chamado de vigarinho, que para alguns de seus biógrafos devia-se a sua pequena estatura, o mais provável, porém, era que o chamassem assim como forma de homenageá-lo e, ao mesmo tempo, mostrar repúdio à decisão do Império de negar-lhe a manutenção no cargo de Vigário de Campinas, que já ocupava há três anos.
   Os relatos sobre a existênca de Joaquim José Vieira em Campinas apresentam um homem de bondade, firmeza de caráter e formação intelectual que o destacava entre seus pares, leigos e religiosos. A fundação da Santa Casa de Misericórdia foi, entre outras, sua maior obra na cidade. Para que sua memória fosse lembrada pelas futuras gerações a então rua da Misericórdia passa a ter seu nome e um monumento-túmulo é construído no bosque em frente ao hospital (atualmente, sem os despojos, o monumento continua em frente à Santa Casa).


   Contudo, Joaquim José Vieira só foi "vigarinho" para os campineiros. Para a população do Ceará, e mais precisamente a de Juazeiro do Norte, ele foi o poderoso Dom Joaquim José Vieira, Bispo do Ceará, o principal responsável pelas perseguições sofridas pelo padre Cícero Romão Batista.


   Dom Joaquim assume aquele bispado em 1884, num período de grande efervecência do processo de romanização da Igreja Católica, com sua proposta de um catolicismo universalista e o combate ao chamado catolicismo santorial. No ano de 1889, um pouco antes do fim do regime do padroado, que deixou de existir junto com o Império, ocorre em Juazeiro o conhecido "milagre da hóstia".
   Dois anos depois (1891), com a Igreja brasileira oficialmente já romanizada e as relações com o Estado  reatadas, era necessário fazer cessar a movimentação que crescia em Juazeiro desde que a "beata" Maria de Araújo foi incapaz de deglutir a hóstia consagrada pelo padre Cícero, pois, acreditam os fiéis, a partícula transformou-se em sangue vivo. O fenômeno se repetiu por 47 vezes.





   









O vigarinho, ou Dom Joaquim José Vieira, agiu em conformidade com as determinações da Sé Romana. Não foi isso, porém, que avaliou o Padre Cícero. Falecido em 1934, com 90 anos, ainda buscava voltar à atividade eclesiástica. Para ele, que nunca responsabilizou a Igreja como um todo, o bispo havia cometido um erro grave ao concluir que os fenômenos de Juazeiro eram simplesmente um embuste. Uma das acusações sobre Dom Joaquim foi o fato de ter, praticamente, forjado um relatório que apontava a inexistência de qualquer sobrenaturalidade no ocorrido. Isso depois de um primeiro relatório, elaborado por comissão de clérigos e estudiosos nomeada pelo próprio bispo ter dado paracer totalmente diferente, recohecendo a sobrenaturalidade dos fenômenos apurados. Com base no segundo relatório, o bispo proibiu o padre de pregar, confessar, dar conselho aos fiéis e celebrar missa. Maria de Araújo foi humilhada, torturada e, por 22 anos, enclausurada em um convento até sua morte em 1914, com 51 anos.

 


 
Atriz interpreta a beata

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
   No mesmo 1914, após 30 anos, Dom Joaquim retorna à Campinas, onde passará seus últimos anos de vida. Depois de ter renunciado ao bispado do Ceará, recebeu o título honorífico de Arcebispo Titular de Cyrro.
   Já o "padinho", que viveu duas décadas além do "vigarinho", mesmo sem ter o que mais queria, continou sendo, cada vez mais, uma referência religiosa aos milhares de romeiros que já se dirigiam à Juazeiro, além de poderoso líder político do Ceará.






Enterro do Pe. Cícero
    Entre o vigarinho e o padinho foi a negra, pobre e analfabeta Maria de Araújo quem sofreu a maior violência de um mundo recém saído da escravidão, no qual uma mulher nas suas condições nada valia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um desconhecido herói entre os povos

Não conhecido pelos brasileiros, mas respeitado por muitos mundo afora. Luiz Martins de Souza Dantas era um humano pleno que enfrentou quase insuperáveis dificuldades para salvar do sofrimento e da morte centenas de vítimas do nazismo, não apenas judeus, mas também homossexuais, socialistas, comunistas...




O embaixador Souza Dantas era o chefe de nossa representação diplomática na França durante a 2ª Grande Guerra e a ocupação daquele território pelos alemães. Enfrentando nazistas e governo brasileiro, concedeu centenas, possivelmente milhares, de vistos diplomáticos para a saída da Europa dos refugiados. A maior parte desses vistos era irregular, uma vez que a ditadura Vargas havia proibido a sua concessão para judeus e outros grupos não aceitáveis para o projeto de país de então.



Souza Dantas entre Vargas e o ministro das Rel. Exteriores Oswaldo de Sousa Aranha (descendente da Viscondessa de Campinas)

Enfrentar o governo brasileiro fez com que o embaixador sofresse consequências que só não foram maiores pela alteração da posição brasileira frente ao conflito bélico, afastando-se do Eixo em diração aos EUA. Souza Dantas não poderia mais ser punido, mas poderia ser esquecido. Foi o que ocorreu!

Iluminar a história de Souza Dantas traria luz, também, sobre o tempo de intolerância e obscurantismo que o Brasil então vivia e, vitimado pelo Golpe Militar, voltaria a viver após 64. O embaixador não era, de fato, um bom exemplo de disciplina e obediência.

Em 2012 completa-se 136 anos do seu nascimento (17.02.1876). Esse aniversário merece ser comemorado. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O ricardão de cada um

Todos tem seu ricardão! Ou melhor, todos não. Só quem registrou a identidade no Estado de São Paulo, tem o "privilégio" de ter um ricardão para o que der e vier. E se ele ficar gasto demais, dá até pra pedir substituição.
Peguem seus Registros Gerais e procurem por um nome prório que não seja o seu, nem o de seus pais...pronto, acharam o ricardão. Na verdade, para fazer justiça ao patriarca local da família, o ricardo que dá nome ao Instituto de Identificação paulista é o ricardinho. Ricardo Gumbleton Daunt, precursor da polícia científica (entre muitas outras coisas) era neto do outro Ricardo Gumbleton Daunt, médico e influente político de Campinas (entre muitas outras coisas), que passou à história simplesmente como Dr. Ricardo (atualmente, sinônimo de cracolândia).
Batida policial na rua Dr. Ricardo
.Mas o Dr. Ricardo, se depende-se de seu neto, poderia até ter sido canonizado. Diz o descendente em publicação de 1952 (Monografia Histórica de Campinas): "Como verdadeiro cientista e filantropo, sua vida foi sempre a negação do materialismo grosseiro, do individualismo egoísta. Senhor de escravos, tratava-os com excessiva e cristã brandura. Alimentava-os bem e lhes fornecia roupas e agasalhos necessários ao rigor do frio".

Então tá! Dr. Ricardão pra santão! Pena que não libertou seus escravos e distribuiu seus bens entre eles. As chances aumentariam.

O pior nessa história não é o primeiro Ricardo ficar em paz com sua consciência, mas o segundo, em plena metade do século XX considerar isso como padrão de extrema bondade.


Antiga residência da família Gumbleton Daunt (do meio)

Maldição da viscondessa?

                                 
Nenhuma mulher nessa terrinha foi tão poderosa quanto ela. Dona de meia Campinas, senhora de centenas de escravos, matriarca de um clã tão rico que, mesmo com todas as crises que detonaram o poderio do baronato cafeeiro, continua até hoje nas listas das fortunas nacionais.



Maria Luisa de Souza Aranha, uma das nove viscondessas titulares (não consortes) de todo o Império do Brasil, foi chamada de muita coisa, mas o que ela foi de "carteirinha", corpo e alma, foi uma monarquista de primeira ordem. Seu solar, no Largo da Catedral campineira, era o palácio principal da fina flor da nobreza local e paulista. Tereza Cristina e o esposo imperial Pedro II, o conde D'Eu e a quase imperatriz Isabel, quando lá se hospedaram, encontraram mais luxo do que em seu próprio palácio de São Cristóvão.

Mas a teia de poder dos Aranha não pode impedir uma ironia do destino. Aquele belo solar, décadas depois da morte da viscondessa, mais precisamente em 1927, viraria um cinema com o nome de "República".

O que Maria Luzia teria pensado sobre isso, nunca saberemos, mas o fato é que um triste incêndio (1944) colocou fim a dezessete anos de uma simbólica ocupação republicana dentro daquelas nobres paredes monárquicas.

Livrou-se de virar igreja.

Morto não tem vontade



É da nossa cultura ter alguma consideração pelas vontades e desejos deixados por aqueles que “bateram as botas”. Mas, quase sempre a tensão do momento da morte ou limitações financeiras, por exemplo, deixam o defunto a “ver navios”.
Contudo, dificilmente encontraremos um caso tão simbólico de desrespeito à vontade do morto como no de Antonio Carlos Gomes. Trazer seus despojos para Campinas e, ainda mais, instalá-los em praça pública central, é a expressão máxima de que vontade de morto nada vale.



Amargurado, doente, abandonado, sem dinheiro, num verdadeiro inferno astral, como muitos hoje diriam, o compositor, pouco antes de morrer, queria distância de Campinas. Em 1895 escrevia ao também campineiro  César Bierrenbach –  Não fui lembrado para um emprego qualquer no Conservatório de Música da Capital. Não tenho ânimo para pedir um lugar ao diretor daquele armazém de empregados; creio, porém, poder merecer (como abrigo) um lugar como o dos músicos portugueses que lá estão recebendo ordenados. No Rio de Janeiro não me querem nem para porteiro do Conservatório, em São Paulo nem para bolieiro, em Campinas, não me compreenderam, julgando-me um impostor, um forasteiro.” (Sílio Bocanera Jr – Um artista brasileiro)


E incompreendido ficou.  Após sua morte, Carlos Gomes passa a ser utilizado, e muito, como símbolo nacional.  Até os ditadores de 64 tiraram sua “casquinha”. Mas, vejam bem, foi o personagem apolítico Carlos Gomes, não sua obra. Mesmo não concordando com Oswald de Andrade, pelo menos ele não falseou com a memória do maestro, quando em artigo publicado no Jornal do Comércio de 12 de fevereiro de 1922, escreveu: “Carlos Gomes é horrível. Todos nós o sentimos desde pequenininhos. Mas como se trata de uma glória da família, engolimos toda a cantarolice do ‘Guarani’ e do ‘Escravo’, inexpressiva, postiça e nefanda”.

A importância da obra de Carlos Gomes ainda é uma ilustre desconhecida da maioria absoluta dos brasileiros. Incompreendido e desrespeitado continua. Para os fãs de histórias fantasmagóricas, de almas penadas que vagam em busca de sabe-se lá o que, Carlos Gomes  também pode ser um prato cheio.