Nenhuma mulher nessa terrinha foi tão poderosa quanto ela. Dona de meia Campinas, senhora de centenas de escravos, matriarca de um clã tão rico que, mesmo com todas as crises que detonaram o poderio do baronato cafeeiro, continua até hoje nas listas das fortunas nacionais.
Maria Luisa de Souza Aranha, uma das nove viscondessas titulares (não consortes) de todo o Império do Brasil, foi chamada de muita coisa, mas o que ela foi de "carteirinha", corpo e alma, foi uma monarquista de primeira ordem. Seu solar, no Largo da Catedral campineira, era o palácio principal da fina flor da nobreza local e paulista. Tereza Cristina e o esposo imperial Pedro II, o conde D'Eu e a quase imperatriz Isabel, quando lá se hospedaram, encontraram mais luxo do que em seu próprio palácio de São Cristóvão.
Mas a teia de poder dos Aranha não pode impedir uma ironia do destino. Aquele belo solar, décadas depois da morte da viscondessa, mais precisamente em 1927, viraria um cinema com o nome de "República".
O que Maria Luzia teria pensado sobre isso, nunca saberemos, mas o fato é que um triste incêndio (1944) colocou fim a dezessete anos de uma simbólica ocupação republicana dentro daquelas nobres paredes monárquicas.
Livrou-se de virar igreja.
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